Eskrima , escrima ou escryma se refere às artes marciais filipinas (em inglês: filipino martial arts – FMA) que tem ênfase no treino de luta com armas (principalmente bastão, espada e faca), e também ensinam habilidades de luta à mão vazia, que são essenciais num combate em que seu oponente esteja armado e você desarmado.
Outros termos também comumente utilizados para se referir a esta arte são kali e arnis de mano (lit. chicote com as mãos). Eskrima e arnis estão entre os muitos termos utilizados nas Filipinas para se referir a esta arte.
O nome kali, apesar de ser bastante empregado nos Estados Unidos e na Europa, é raramente utilizado nas Filipinas, e em muitos casos é uma palavra desconhecida. No entanto, devido à popularidade desse termo fora das Filipinas, e à influência de praticantes estrangeiros, o termo kali está cada vez mais sendo reconhecido e aceito nas Filipinas. O termo kalis, utilizado nas Filipinas, significa espada. É comum o erro de achar que kalis e kali são sinônimos ou derivados (nota: o “s” ao final de uma palavra não é usado nas línguas e dialetos filipinos para indicar plural). Enfim, em qualquer que seja o caso, eskrima, arnis, arnis de mano, kali e FMA referenciam a uma mesma família de artes marciais filipinas baseadas em treino com armas.
O ensino das técnicas básicas em FMA é tradicionalmente simplificado. Com um tempo limitado para ensinar, somente as técnicas que se provaram eficazes em batalha e que podiam ser ensinadas em massa sobreviveram ao tempo. Isto permitiu que habitantes de vilas, que geralmente não eram soldados, se protegessem de outras vilas, bem como de invasores estrangeiros. A filosofia da simplicidade persiste até hoje, e é a base das artes marciais filipinas.
Devido a essa metodologia, as FMA são erroneamente consideradas artes de luta “simples”. No entanto, esta simplicidade refere-se somente a sua sistemática, não a sua eficácia. Ao contrário, por trás dessas técnicas básicas, reside uma estrutura bastante complexa e refinada de técnicas, as quais leva-se anos para dominar completamente.
Praticantes dessas artes são notadamente reconhecidos por sua habilidade em lutar com armas ou desarmados intercaladamente. A maior parte dos sistemas de eskrima incluem lutas com uma grande variedade de armas, combates em pé (panantukan, pananjakman, suntukan, sikaran, tadyakan/tadiyakan), chaves e projeções (dumog), e quaisquer outras técnicas necessárias para complementar o treino de um guerreiro nos velhos tempos das lutas tribais. Talvez, o único grande campo ao qual não foi dada a devida atenção, tanto no passado, quanto atualmente, seja o das lutas em cooperação. Existia um sistema filipino de primeiros socorros, cura e medicina herbal que era tradicionalmente ensinado paralelamente à eskrima, mas desapareceu com o passar dos anos.
Na maioria dos sistemas, técnicas armadas e desarmadas são desenvolvidas paralelamente, por meio de um sistema de treinamento projetado para desenvolver seus aspectos comuns. As variações mais comuns são a do bastão simples (solo baston), a de dois bastões (double baston), e a de espada/bastão e faca. Alguns sistemas são conhecidos por se especializarem em outras armas, como o chicote e o cajado.
De todas as armas citadas anteriormente, algumas delas possuem variações exclusivas para serem utilizadas na prática da eskrima, tais como a kerambit, o barung e o canivete butterfly, um tipo de faca muito peculiar, que passou a ser característico da eskrima moderna.
O rattan, madeira derivada do bambu, muito facilmente encontrado nas Filipinas, é o material mais utilizado na fabricação de bastões e varas de treino. São resistentes e têm boa durabilidade, leves, e com boa resistência ao fogo. São quebrados somente sob situações extremas, e não soltam lascas como outras madeiras, sendo assim ferramentas seguras de treino. Este aspecto também os tornam úteis na defesa contra lâminas. Kamagong (ironwood) é um material utilizado em menor escala, mas não para sparring, uma vez que é denso o suficiente para causar grandes danos aos praticantes.
Tradicionalmente, o sparring não inclui contato com o corpo. Para treinos com contato, recomenda-se o uso de equipamento de segurança, dado o grau de dano que um ataque com arma (bastão, cajado, etc) pode causar.
Como acontece com muitas artes marciais, a história da eskrima é cercada de lendas, tornando difícil traçar seus fatos. E no caso da eskrima, isto é especialmente verdade. Por ser de domínio público, a maior parte de seus praticantes não possuía escolaridade para fazer uma história escrita, ou seja, boa parte da história era transmitida de forma falada. A confusão aumenta mais ainda pelo fato de existirem diversos sistemas diferentes de luta chamados pelo mesmo nome: eskrima (ou arnis de mano). A explicação mais comumente aceita para a origem da eskrima é a de que se trata de um conjunto de sistemas de lutas, utilizados por cada tribo filipina para lutar e se proteger umas das outras.
No entanto, registros históricos contam que quando os conquistadores espanhóis invadiram o arquipélago das Filipinas no início do século XVI, algumas tribos os combateram, usando armas e técnicas nativas. O invasor português a serviço da coroa espanhola Fernão de Magalhães queimou casas e tentou escravizar o povo da pequena Ilha Mactan, onde hoje é a provincia de Cebu, algumas centenas de kilômetros ao sul de Manila e foi morto na Batalha de Mactan, em 27 de Abril de 1521, pelas forças do chefe tribal de Mactan, Lapu-Lapu, o qual segundo historiadores, era um mestre na antiga arte do kali. Diferente do que se promove por eskrimadores, Magalhães foi não decapitado por Lapu-Lapu, ele foi morto por uma flecha durante a batalha.
A partir desse ponto, há uma divergência com relação à história da eskrima. Nesse período histórico, os espanhóis eram experientes conquistadores, e possuíam seus próprios sistemas de luta, sem contar superioridade bélica e metalúrgica. O grau em que isto afetou a prática das artes de luta nativas é uma questão para ser debatida, mas é fato que os filipinos tomaram emprestado algumas técnicas, como a técnica de esgrima espanhola com espada e adaga, que os filipinos adaptaram ao uso com dois bastões: um longo e um curto, técnica essa chamada de espada e adaga.
Para muitos, a eskrima teria sofrido influência não só dos espanhóis, mas também dos aborígenes de Taiwan e de Bornéu, que mantinham contato com os indígenas filipinos – teoria essa que fica evidente a partir de lendas orais e das semelhanças entre os seus estilos de combate – e que também teria evoluido de artes marciais indianas, bem como de outras artes marciais tal como o malaio tjakalele e o silat, que foram levadas para as Filipinas por habitantes da Indonésia e da Malásia nas migrações separadas que fizeram para as Filipinas. Portanto existe a possibilidade de que os sistemas de luta filipinos tenham suas raízes históricas em artes marciais indonésias, que por sua vez foram influenciadas pelas artes chinesas, como é o caso do kun tao (literalmente “caminho do punho”), que tem suas raízes vinculadas ao ch’uan fa (palavra genérica para o que é conhecido no Ocidente como “kung fu”). Outros sistemas com movimentos similares aos das artes filipinas também têm suas raízes no ch’uan fa. Existe, inclusive, relatos de formas com dois bastões em ch’uan fa e tai chi chuan. Outra arte chinesa de grande influência ao kali, em especial a luta desarmada panantukan, é o wing chun. Essas influências chinesas, contudo, não têm ligação direta com os traços sócio-político-culturais das Filipinas dos dias de hoje.
Outros acreditam que, por serem as FMA baseadas em armas, suas raízes e desenvolvimento foram independentes da maioria dos sistemas de luta desarmados. Na verdade, é dito que as inevitáveis similaridades são devido aos tipos de armas utilizados tanto nas artes marciais filipinas, quanto indonésias, quanto chinesas. Alguns exercícios, ou movimentos de mão, similares aos das artes chinesas e indonésias, segundo alguns grupos de eskrima, só foram introduzidos recentemente, o que é menos aparente em sistemas mais tradicionais.
Apesar da turbulência e da polêmica que cercam a história da eskrima, o ambiente das Filipinas permitiu que essa arte se desenvolvesse para se tornar uma eficiente arte marcial. Enquanto em sistemas tradicionais a forma de ensino mais comum de transmissão dessa arte fosse informalmente entre as gerações de uma tribo, sistemas mais modernos, apesar das críticas tradicionais, criaram métodos mais simplistas de ensino. A despeito da metodologia de ensino, essas artes são considerada fáceis de aprender com a prática.
Através do Mestre Li Hon Ki que é responsável pelo treinamento e supervisão desta modalidade em nosso Mokwon, o qual adquiriu seu conhecimento em Arnis quando ainda era residente em Hong Kong, tendo praticado na Associação Desportiva Filipina, foi inaugurado o grupo de treinamento desta maravilhosa arte marcial Filipina, na busca do aprimoramento necessário para a afetiva aplicação das técnicas.
Deste modo, os treinamentos semanais se dão na sede de nosso Mokwon, aberto ao publico interessado, ainda que em nosso País, esta modalidade não é bem conhecida ao grande publico.